Não deixe passar a “graça jubilar”

Não deixe passar a “graça jubilar”
Desde o final de semana de 17 a 19 de Fevereiro de 1967, também conhecido como final de semana de Duquesne (Pittsburgh, Pensylvania, EUA), marco inicial do surgimento da Renovação Carismática Católica (RCC), esta “corrente de graça na Igreja e para a Igreja” se espalhou rapidamente por todos os continentes. Assim, dentre os dias 15 a 18 de agosto de 1969, a RCC se fazia presente no Brasil e pela metade da década de 1970 já presente na nossa Arquidiocese de Mariana. Atualmente o movimento tem mais de 20.000 (vinte mil) grupos de oração espalhados pelo Brasil e mais de 150 (cento e cinquenta) na Arquidiocese de Mariana. Respondendo de forma ativa ao anseio do Concílio Vaticano II na renovação da Igreja, através da evangelização com renovado ardor missionário, a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo, objetivando fazer discípulos de Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo isso com a finalidade de tornar o Espírito Santo mais conhecido, amado e adorado, difundindo a espiritualidade e a Cultura de Pentecostes a partir do Grupo de Oração.
Destarte, neste ano de 2019, temos a honra e a graça de celebrar e vivenciar o Jubileu de Ouro da RCC em nossa amada nação brasileira. Essa graça jubilar, traduz-se em júbilo e alegria pelas maravilhas realizadas através da poderosa ação do Espírito Santo nestes últimos 50 anos. Rejubilamos diante dos grandes feitos de Deus e ao mesmo tempo voltamos nosso olhar sob o presente, agora iluminado por esses anos de discernimento e amadurecimento, para lançar planos para os tempos vindouros, uma vez que o Senhor faz nova todas as coisas, a começar por você e por mim. (Ap 21, 5).
Vale a pena ressaltar que a celebração dos jubileus começou com os Hebreus. Donde o jubileu era um ano declarado santo e que acontecia a cada 50 anos, no qual se devia restituir a igualdade a todos os filhos de Israel (Lv 25,1-17). E, conforme nos demonstram as Sagradas Escrituras (Lv, 25), não é simplesmente um marco histórico ou o fim de um ciclo cronológico, mas um marco profético para todos, uma verdadeira mudança de época, o início de um tempo novo. É um tempo de revisão do que foi feito e, ao mesmo tempo, de recomeço, um verdadeiro reset.
Nosso Papa Francisco explicou em uma audiência geral em fevereiro de 2016 a origem do jubileu, mencionando que os israelitas celebravam de 50 em 50 anos desde a antiguidade. Segundo o papa, a cada 50 anos, no dia da expiação (Lv 25, 9), quando a misericórdia do Senhor era invocada sobre todo o povo, o som da trombeta anunciava um grande acontecimento de libertação. Com efeito, no Livro do Levítico lemos: “Santificareis o quinquagésimo ano e anunciareis a liberdade na terra para todos os seus habitantes. Será o vosso jubileu. Voltareis cada um para a própria terra e para a sua família […] Nesse ano jubilar, cada um voltará à sua propriedade” (25, 10.13). Segundo estas disposições, se alguém tivesse sido forçado a vender a sua terra ou a própria casa, no jubileu podia voltar a apoderar-se delas; e se alguém tivesse contraído dívidas e, impossibilitado de as pagar, tivesse sido obrigado a pôr-se ao serviço do credor, podia voltar livremente à própria família e reaver todas as suas propriedades. Podemos dizer que era uma espécie de “perdão geral”, através do qual se permitia que todos voltassem à situação originária, com o cancelamento de todas as dívidas, a restituição da terra e a possibilidade de gozar novamente da liberdade, própria dos membros do povo de Deus.
Sendo assim, vele frisar que é isso que nosso bom Deus deseja fazer com cada carismático neste ano jubilar, essa “graça jubilar” que paira sobre nós tende a nos fazer retornar ao primeiro Amor (Ap 2, 4-5), através de nossa “kénosis”, vamos esvaziar-se de tudo e viver a plenitude de Deus, como já bem nos ensinara São João da Cruz: “Dar tudo, pelo tudo! ”. Pois “se vivemos pelo Espírito, andemos também no Espírito! ” (Gl 5, 25). Retornemos às origens, assumindo a nossa identidade, permitindo que haja a liberdade do Espírito Santo para fazer novo de novo o que for necessário, reabrindo o movimento ao “profético e ao místico”, tirando nosso foco das superestruturas, buscando formação intelectual somada ao que o Espírito Santo faz em nossa vida e através do nosso ministério, deixando o Espírito Santo moldar e amadurecer nosso emocional e relacional afim de que permitamos que o Espírito Santo gere unidade verdadeira na Corrente de Graça tatuada em nossos corações: Renovação Carismática Católica.
É tempo de uma poderosa efusão do Espírito Santo! E é necessário estar atento para não perder essa “graça jubilar”, que não sendo percebida, passa, tal qual nos referia Santo Agostinho, quando diz: “Tenho medo da graça que passa sem que eu perceba! ”. Afinal de contas, como bem nos conta certo ditado popular de que um “cavalo arreado não passa duas vezes”, abracemos de coração essa “chama viva de amor” e que Pentecostes se atualize diariamente em nós, gerando em mim e em ti uma sincera mudança de vida, pois ainda há muitas almas para renascer através do nosso SIM verdadeiro, refletidos à imagem da Virgem de Pentecostes.
Na profecia de Joel lemos que Deus derramará o Seu Espírito sobre todo ser vivo, sobre filhos e filhas, sobre jovens e anciãos e até sobre escravos e escravas, denotando a universalidade e atemporalidade do derramamento do Espírito Santo (cf. Jl 3,1-5). Jesus, por sua vez, nos diz no Evangelho de São João: “E eu rogarei ao Pai e ele vos enviará um outro Paráclito para que fique eternamente convosco” (Jo 14,16). Ainda: os Papas contemporâneos à RCC, a começar por Paulo VI nos dizem que a Igreja necessita de seu perene Pentecostes, que a RCC precisa ser rosto e memória de Pentecostes no mundo, que sem o Espírito Santo continuamente derramado a Igreja não passaria de uma mera organização. De igual forma o Catecismo da Igreja Católica nos ensina que “os tempos que estamos vivendo são tempos da efusão do Espírito Santo” (cf. CIC, 2819). Também os Santos nos ensinam a esse respeito: Santo Agostinho nos dirá que Deus dá o Espírito Santo a quem não O tem para que O tenha e também dá o Espírito Santo a quem O tem para que O possua em medida ainda mais abundante; São Tomás de Aquino nos ensinará que a cada nova missão, circunstância ou situação em nossa vida deve corresponder um novo Pentecostes. Por isso não cessamos de pedir: “Vem Espírito Santo! ” E como nos ensina a Beata Elena Guerra, quando pedimos “Vem”, Ele vem. Ensina-nos ainda que Pentecostes não terminou e que, de fato, é sempre Pentecostes para quem O pede. Por isso, queremos que nossos Grupos de Oração da Arquidiocese de Mariana sejam verdadeiros Cenáculos de Jerusalém nos dias de hoje.
De fato, ter uma vida dominada pelo Espírito, assumindo e tomando posse da “graça jubilar” significa submeter-se inteiramente a Ele, levá-Lo a sério, deixar que Ele nos mostre verdadeiramente o que não agrada a Deus em nós, deixar que Ele verdadeiramente opere em nós a Salvação conquistada por Jesus. Significa buscarmos a verdade do Espírito porque Ele é o Espírito da Verdade. É também ter uma vida controlada pelo Espírito Santo, uma vida ajustada por Ele. Só o Espírito Santo pode gerar esse equilíbrio da justa medida em nós. Como é bom nos submetermos ao Espírito de Deus! A submissão ao Espírito Santo, nesse ano em que temos a oportunidade de experimentar essa “graça jubilar” é um grande passo na santidade pessoal. Deixemos que Ele domine nosso ser, nossos impulsos, nossas inclinações.
Entretanto, para uma reta vivência desta “graça jubilar”, devem ser desterrados de nosso meio as divisões, as competições – afinal de contas o Único que manda é o Senhor –, as invejas, os pré-julgamentos, as mágoas não trabalhadas (pois, mágoas vão haver, mas precisam ser imediata e constantemente trabalhadas pelo Espírito Santo em nosso interior), a rebeldia. Estas “ervas daninhas” contaminam a vida e prejudicam a Obra de Deus em nós.
Por fim, a “graça jubilar” traz consigo um tempo de bênçãos e de graças especiais (as “comportas” do céu estão abertas de maneira especial sobre nós), tempo de renovação da Aliança, tempo de revigoramento, de regeneração, de resgate, de colheita abundante, não só para a RCC como Corrente de Graça, mas sobre cada um de nós em particular e sobre toda Igreja de Cristo, afinal de contas, como bem nos ensinou Monsenhor Jonas Abib: “Seremos carismáticos até o céu! ”.
“O Brasil vai guiar o mundo, liderar o mundo. Esse novo mover do meu Espírito já está chegando. Ao me buscarem, ao me louvarem, ao olharem para mim, eu aumentarei enormemente o seu número. Vocês serão muito maiores em número. Eu abrirei portas que até o momento estavam fechadas. Eu confiarei a vocês pessoas que até o momento estavam fechadas. Vocês ficarão admirados da maneira como o fogo vai se espalhar, como no princípio, no primeiro Pentecostes, Meu Espírito Santo os usará com grande poder. Cuidado, fiquem atentos. Mantenham-se firmes, mantenham-se muito humildes e reconheçam que é o Meu poder usando vocês. Não é qualquer força ou persuasão de vocês mesmos. Rompam agora com o orgulho, rompam com o egoísmo, e vocês verão o que o poder do Meu Espírito fará. Permaneçam humildes, mantendo o olhar sempre fixo em mim e vejam o que o Senhor seu Deus fará! ”.
(Profecia dada à Patti Gallagher Mansfield durante o Retiro Nacional para Ministros Ordenados, em 2018)
Referências Bibliográficas:
FRANCISCO, Papa. Audiência Geral 10/02/2016. Disponível em:
< http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/audiences/2016/documents/papa-francesco_20160210_udienza-generale.html> Acesso em: 12/08/2019.

Santificareis o quinquagésimo ano. Será o vosso jubileu. Disponível em:
< https://www.rccbrasil.org.br/espiritualidade-e-formacao/index.php/artigos/1986-santificareis-o-quinquagesimo-ano-sera-o-vosso-jubileu-lv-2510 > Acesso em: 12/08/2019.

Profecia sobre o Brasil: palavra de Deus pela voz de Patti Gallagher Mansfield.
Disponível em: < https://www.rccbrasil.org.br/eventos/index.php/mais-lidas-eventos-nacionais/1362-profecia-sobre-o-brasil-por-patti-gallagher-mansfield-durante-retiro-para-ministros-ordenados.html > Acesso em: 13/08/2019.

Bruno da Silva Carneiro

Senador Firmino/MG

Grupo de Oração São Bento

Coordenador Arquidiocesano

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