2020 com algo novo para nós, RCC

Ano novo que se inicia, e com ele a possibilidade de impulsionarmos nossa vida em todos os sentidos. E em nossa caminhada espiritual um novo Pentecostes anseia por surpreender nossos corações, fazendo-nos dóceis ao Ruah de Deus que conduz e renova a Igreja. Com a Beata Elena Guerra iniciemos e não cessemos de clamar: “Pai Santo, em nome de Jesus, manda teu Espírito para renovar a face da terra!”.

Assim, o primeiro local em que esse desejo deve ecoar é dentro de nosso coração, através do clamor cotidiano que a nossa prece constante seja: “Senhor faz algo novo em mim!”

Aspirar os dons celestiais nos leva a adentrar novamente à sala do Cenáculo e repetir a Deus: “Faz algo novo em minha vida!”. Uma vez que ao retomarmos tal episódio, temos que o cristão da primeira hora – aquele da manhã de Pentecostes – devia realizar uma reviravolta de alma, uma metanóia e um corte de muitos vínculos. Mesmo com esse tempo de caminhada na Igreja e de modo especial na Renovação Carismática Católica, olho pra mim e vejo quantas imperfeições ainda preciso corrigir em mim! Não posso me contentar apenas com um encontro pessoal com Jesus que se deu já há algum tempo e estagnar na minha caminhada espiritual. Requer-se um passo a mais à união íntima com Cristo a partir da renovação diária do meu caráter, perpassando pelas minhas atitudes e condutas.

Que o seu coração grite com toda força, tal qual de uma grávida durante o trabalho de parto: “Faz algo novo!”. Uma vez que a Renovação Carismática Católica existe para renovar cada um de nós de modo que, posteriormente, possamos levar essa renovação aos outros – para aqueles que estão caídos, machucados, aprisionados pelo pecado – através do Batismo no Espírito Santo.

“Um novo louvor” é o que o Senhor espera de nós nesse ano. Por isso, se faz mais do que necessário desenvolvermos sempre e em todo lugar o hábito de louvarmos e bendizermos o nosso Deus. Tal qual nos ensina nossa mãe Igreja, incentivando-nos a estar diante de Deus para o louvor perfeito, quando, no Prefácio da Oração Eucarística, nos convida: “Corações ao alto!”, “Demos graças do Senhor nosso Deus!”. O Catecismo da Igreja Católica, no número 2639, vem nos relembrar que o louvor “é a forma de oração que reconhece o mais imediatamente possível que Deus é Deus! Canta-o pelo que Ele faz, por aquilo que Ele é!”. Mesmo assim, dentro de muitos de nossos grupos de oração, várias pessoas ainda não entenderam que na oração de louvor enaltece-se a Deus pelo que Ele é e não simplesmente agradece-o pelo que Ele fez, faz ou fará. E ainda, que na oração de louvor, mais do que nos deixarmos levar pela vaidade de falar em línguas, devemos louvar com a linguagem própria do Espírito Santo que é o amor. “A caridade é a plenitude da lei” (Rm 13, 10), nos diz o Apóstolo Paulo; o qual ainda salienta que fomos criados para a celebração da glória de Deus (Ef 1, 11s). Bora então, não cessar de bendizer continuamente ao Senhor ao longo desse ano, que nossa vida transborde a gratidão e exulte de alegria em Deus, feito a Virgem Maria!

Precisamos de “uma nova adoração”, pois a nossa espiritualidade se define na intimidade com o Senhor. E quem nos atesta isso é o próprio Papa Francisco no discurso à RCC no dia 01/06/2014: “recordem: adorar a Deus, o Senhor! Este é o fundamento! Adorar a Deus. Busquem a santidade na nova vida do Espírito Santo. Sejam dispensadores da graça de Deus”. Como escolhidos de Deus que somos, feito os apóstolos de Cristo, que estavam ali para enfrentar qualquer desafio que surgisse. Também precisamos, eu e você, ser íntimos do Senhor, ou melhor ainda, ser “amigos do peito” de nosso amado Mestre. Mesmo cheio de fraquezas e misérias que somos, como chamados para determinada missão, precisamos permanecer com o Senhor, gastar tempo com Jesus, como faziam os apóstolos escolhidos por Ele. Porque isso é uma necessidade do meu e do seu ministério, do contrário, cairemos no vazio e na hipocrisia.

“Um novo toque em mim”, é o que arde em nosso peito semanalmente durante as reuniões de oração de nossos grupos de oração. Cientes de que a manifestação soberana da graça de Deus não depende de nossa santidade, mas uma escolha de Deus que visita o seu povo com uma efusão renovada do Espírito Santo e de seus dons. Quantos de nós fomos batizados no Espírito Santo no dia em que chegamos a um grupo de oração carismático ou em um encontro promovido por um grupo de oração? Nossos grupos de oração precisam ser grupos permanentes do Batismo no Espírito Santo. Fazendo menção à esse “novo toque”, remete até mesmo a imaginarmos tal qual numa relação sexual que produz a vida, donde o grupo de oração é um útero que precisa estar aberto à fecundidade, porque sempre haverá gente necessitada do Batismo no Espírito Santo.

“Vem Espírito Santo com uma nova unção”, pois se até mesmo Jesus precisava estar cheio do Espírito Santo, quem dirá eu e você?! É claro que Ele sempre teve o Espírito Santo, porque Ele é Deus, com o Pai e com o Espírito. Contudo, para sua missão o Pai queria que Ele estivesse cheio do Espírito Santo, como visualizamos na passagem do Batismo de Jesus (Mt 3, 13-17), em que Cristo nos ensina virtudes essenciais à nossa caminhada: humildade e obediência à vontade de Deus, demonstradas ao receber o batismo de penitência, o batismo de João e, depois, porque naquele momento de glória os céus se abriram e o Pai se manifestou dizendo: “Este é o meu Filho muito amado, no qual coloco toda a minha afeição”. E Jesus ficou cheio do Espírito Santo, de tal modo o Pai anseia por nos preencher com o teu Shekinah.

“Reacende a chama”, é o que profetizou Paulo sobre Timóteo e que hoje recai sobre nós atualizando a mesma profecia: “Por esse motivo, eu te exorto a reavivar a chama do dom de Deus!” (2Tim 1,6). E o início desse novo ano é o momento para seguir em frente com mais força, deixando para trás a poeira do tempo que deixamos acumular, agradecendo por aquilo que recebemos e enfrentando o novo com confiança na ação do Espírito Santo. Fazendo memória a um grande discurso de nossa irmã Patti Mansfield durante a celebração dos 50 anos da RCC no mundo: “Fogo, fogo, fogo, de norte a sul, de leste a oeste!”. Neste ano de 2020 é missão nossa enquanto Corrente de Graça na Igreja e para a Igreja aqui na Arquidiocese de Mariana, não apenas sustentar esse fogo que queima

forte em nossos corações, mas com coragem, ousadia e destemor, levar esse fogo que nos consome a se “alastrar” pelos derredores de todas as realidades de nossa vida, a começar pelo âmbito pessoal, familiar, profissional e findando na missão!

Contudo, ao final deste novo ano (2020) não nos contentaremos em dizer ou contemplar que ‘tudo se fez novo’, mas com convicção e determinada decisão bradar novamente à Deus: “Faz tudo novo!”. Pois se proclamamos que somos do Espírito Santo, cremos igualmente que Ele faz novas todas as coisas (Ap 21, 5). Além do mais, que o seu coração seja incomodado por essa fala de Dom Alberto Taveira na Santa Missa do Jubileu de Ouro da RCC no mundo, em 2017: “Ai da Renovação se ficar parada e não for fiel às suas raízes! Ai da Renovação se não fizer o Apostolado e o Batismo no Espírito Santo. Somos chamados a uma autenticidade de vida. A escolher Jesus como Senhor, acolher o seu evangelho plenamente. Isso significa ir atrás d’Ele com nossa cruz. Significa estar solidamente na Igreja, na Palavra e na doutrina. Não cabe aceitar uma coisa ou outra, selecionando pontos. Ou é cristão ou não é! Não é possível ser mais ou menos. Peço que estejam atentos para não cair na tentação de nosso tempo que é somente pegar aquilo que é de nosso gosto. O desafio: construir a casa da Renovação Carismática sobre a rocha”.

 

Bruno da Silva Carneiro

Senador Firmino/MG Grupo de Oração São Bento

Coordenador Arquidiocesano

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